O ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim é o convidado do 19ª live da série “Revolução Brasileira no Século 21”. O evento vai abordar a ‘conjuntura internacional’ e será nesta quinta-feira (30), às 17h. O debate será transmitido pelo Socialismo Criativo e pelas redes do PSB.
Celso Amorim foi ministro nos governos de Itamar Franco, Lula e Dilma Roussef.
A série de lives integra as discussões sobre a Autorreforma do PSB e é promovida pelo Instituto Pensar, o site Socialismo Criativo e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). O evento também contará com a presença do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira; do membro do Diretório Nacional do PSB, Domingos Leonelli; e da integrante da direção da Juventude Socialista Brasileira (JSB) Juliene Silva. A mediação será feita por James Lewis.
Quem é Celso Amorim
Celso Amorim é diplomata e de Relações Exteriores e da Defesa. Amorim se graduou em primeiro lugar de sua turma no Instituto Rio Branco. Como prêmio, ele foi enviado em 1966 à Academia Diplomática de Viena, onde ele foi capaz de terminar a sua tese e retornou ao Rio de Janeiro antes de ser enviado para o seu primeiro posto como diplomata em Londres. Como aluno de Ralph Miliband passou três anos na London School of Economics onde concluiu todos os créditos necessários para a sua formatura. Em seguida, foi enviado à OEA, Washington DC.
O ex-ministro também foi professor de Língua Portuguesa do Instituto Rio Branco, professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e foi membro da Área de Assuntos Internacionais do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
Ao longo da carreira, ocupou por duas vezes o cargo de ministro das Relações Exteriores do Brasil, nos governos dos ex-presidentes Itamar Franco e Lula. Durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff foi ministro da Defesa. Influenciado pelo trabalho de Ulysses Guimarães, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), mas não teve militância partidária. Atualmente é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
A história de Celso Amorim no serviço público iniciou em 1987, quando se tornou secretário para Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia, desempenhando tal posição até o ano de 1989. Foi então selecionado para o cargo de diretor-geral para Assuntos Culturais no Ministério das Relações Exteriores, à época chefiado por Abreu Sodré.
Assumiu nova posição em 1990, sendo nomeado diretor-geral para Assuntos Econômicos. Em 1992 assumiu pela primeira vez a chefia de uma missão no exterior, ao tornar-se representante do Brasil no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Nesse período foi o negociador chefe do Brasil na Rodada Uruguai, que culminou posteriormente no GATT-1994 e na criação da Organização Mundial do Comércio.
Ministro das Relações Exteriores (1993-1995)
Em maio de 1993, durante o governo de Itamar Franco, Celso Amorim foi chamado pelo então chanceler José Aparecido, que substituiria Fernando Henrique Cardoso, para ser secretário-geral do Itamaraty. Porém, em decorrência de problemas de saúde, Aparecido não tomou posse, e Amorim assumiu interinamente o ministério até, em agosto daquele mesmo ano, ser efetivado chanceler.
No mesmo ano foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.
Embaixador brasileiro no exterior (1995-2003)
Entre 1995 e 2003, Celso Amorim atuou como representante do Brasil no exterior em diversos países e Organizações Internacionais, em áreas que variavam entre o sistema multilateral de comércio e a cooperação humanitária internacional.
Em 1995, Fernando Henrique Cardoso, eleito presidente da República, indicou Celso Amorim para chefiar a Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas, em Nova Iorque, função que exerceu até 1999, tendo, durante este período, assumido a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na ONU, Celso Amorim teve um papel fundamental nas discussões acerca no regime internacional de desarmamento e não-proliferação de armas nucleares. Participou ativamente da Comissão Canberra sobre a Eliminação de Armas Nucleares, uma iniciativa do governo da Austrália que datava de 1995, e que produziu um relatório em 1996 que continha propostas para a adoção de medidas na área do desarmamento e da não-proliferação. Além disso, foi no período em que Celso Amorim era o representante brasileiro perante a ONU que o Brasil declarou sua vontade em aderir ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (1997), algo que foi concretizado em 1998 após a aprovação do tratado no congresso brasileiro. Logo que aderiu ao TNP, o Brasil começou a participar ativamente das discussões do regime internacional nuclear.
Em 1998, Celso Amorim foi um dos articuladores da Coalizão da Nova Agenda para o Desarmamento Nuclear (NAC), juntamente com África do Sul, Egito, Irlanda, México, Nova Zelândia, Suécia e Eslovênia. Tal coalizão buscava resgatar o tema do desarmamento nas Conferências de Exame do TNP, algo que ocorreu logo na próxima Conferência de Exame do TNP, em 2000, na qual o Brasil defendeu, em conjunto com a NAC, que o regime nuclear internacional deveria focar-se principalmente no desarmamento nuclear, e não somente na não-proliferação. No ano 2000, o Brasil também presidiu a Conferência de Desarmamento (CD) em Genebra, tendo Celso Amorim como seu representante. Este foi responsável por uma série de propostas à conferência relativas ao desarmamento, na tentativa de solucionar o problema da paralisia que a CD sofria desde 1997, com o congelamento de sua agenda política.
Na área humanitária, representou o Brasil no Comitê das Nações Unidas de Sanções Kosovo-Iugoslávia (SCR), em 1998-1999. Além disso, representou o Brasil na presidência dos painéis do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre desarmamento, auxílio humanitário e prisioneiros de guerra no Iraque, em 1999. Tais painéis tiveram um papel fundamental no restabelecimento das medidas de verificação de obrigações de desarmamento e não-proliferação no Iraque, que haviam sido abolidas após a crise gerada pela expulsão dos inspetores da Comissão Especial das Nações Unidas (UNSCOM).
Em 1999, assumiu pela segunda vez a chefia da missão brasileira em Genebra, Suíça, como representante permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas e demais organismos internacionais, o que incluía a Organização Mundial do Comércio (OMC), cargo que exerceu por um período de dois anos. Nesse período presidiu a Conferência de Desarmamento por uma segunda vez (algo que fizera em 1993) e atuou nas áreas de comércio, trabalho e controle de tabaco.
Em 2001, Amorim foi transferido para Londres, assumindo a embaixada brasileira no Reino Unido. Era a segunda vez que atuava na missão diplomática brasileira de Londres, já havendo tido um posto diplomático na embaixada entre 1968 e 1971, período em que estudou na London School of Economics and Political Science. No final de 2002 foi convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser seu ministro das Relações Exteriores.
Ministro das Relações Exteriores (2003-2010)
De 2003 a 2010 Celso Amorim foi o ministro das Relações Exteriores do governo Lula. Ele, Luiz Dulci e Jorge Armando Felix foram os únicos ministros ou secretários do primeiro gabinete de Lula a permanecer nos cargos para que foram originalmente designados.
Em seu segundo ministério, Amorim tornou-se responsável pelo direcionamento humanista da política externa brasileira atual, que incluiu entre seus objetivos a luta contra a fome, a pobreza e o unilateralismo. Formulou coalizões com países do hemisfério sul, tais como G-20 (luta pela redução das distorções no comércio agrícola, na Organização Mundial de Comércio), o G-4 (luta para tornar o Conselho de Segurança das Nações Unidas menos anacrônico e mais legítimo e representativo), o G-3 (Fórum IBAS – Índia, Brasil e África do Sul – para coordenação de posições no cenário internacional) e participou ativamente na institucionalização do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Entre outras iniciativas concebidas em sua gestão, notabilizou-se pela ASA (Cúpula América do Sul-África) e pela ASPA (Cúpula América do Sul-Países Árabes).
Em 2010, recebeu, em nome de Lula, o prêmio de “Estadista global” no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Em outubro do mesmo ano, Celso Amorim recebeu, em Miami, o prêmio “Bravo Business” da revista Latin Trade, na categoria “Innovative Leader of the Year”. No mesmo dia, foi o orador principal do painel “Brazil’s Role in the Global Economy”.
Ministro da Defesa
Em 2011, Celso Amorim foi convidado a suceder Nelson Jobim como ministro da Defesa, que entregara sua carta de demissão no mesmo dia. Amorim permaneceu no cargo até janeiro de 2015, quando o ministro Jaques Wagner tomou posse.
No final de 2014, foi divulgado na imprensa que Celso Amorim teria sido cotado para retornar ao Itamaraty no segundo mandato da Presidente Dilma Rousseff, mas quem assumiu o ministério foi o embaixador Mauro Vieira. Amorim elogiou a escolha de Mauro para o Itamaraty e negou ter sido cotado. “Não fui convidado nem sequer sondado, só a imprensa que falou”, disse.
Outras curiosidades
Em 7 de outubro de 2009, David Rothkopf, um comentarista da revista estadunidense Foreign Policy indicou Amorim como “o melhor chanceler do mundo”.
Em março de 2015, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual da Paraíba.
Em 2019, participou da fundação do Grupo de Puebla, órgão tido como o sucessor do Foro de São Paulo.
Autorreforma do PSB e a Revolução Brasileira
Caio da Silva Prado Júnior foi um historiador, geógrafo, escritor, filósofo e político. Autor do livro “A revolução brasileira”, lançado em 1966, ele iniciou uma tradição historiográfica identificada com o marxismo, buscando uma explicação diferenciada da sociedade colonial brasileira.
“A teoria da revolução, para ser algo de efetivamente prático na condução dos fatos, será simplesmente – mas não simplisticamente – a interpretação da conjuntura presente e do processo histórico de que resulta. Processo esse que na sua projeção futura dará cabal resposta às questões pendentes. É nisso que consiste fundamentalmente o método dialético. Método de interpretação, e não receituário de fatos, dogma, enquadramento da evolução histórica dentro de esquemas abstratos preestabelecidos.”
Caio da Silva Prado Júnior
Ciclo de debates sobre a Revolução Brasileira
A live também será transmitida pelo Facebook do PSB e do Socialismo Criativo. Já participaram do ciclo de debates o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista; o professor universitário e epidemiologista Pedro Hallal, a advogada, mestre em direito constitucional e especialista em gestão pública Isabel Figueiredo; o deputado federal e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados Aliel Machado (PSB-PR); o líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ); a antropóloga e ex-secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Claudia Leitão; o historiador e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) Jones Manoel; a deputada socialista Lídice da Mata (PSB-BA); o governador do Maranhão, Flavio Dino; o deputado constituinte Hermes Zaneti; os economistas Marco Antonio Cavalieri e Luiz Gonzaga Belluzo; o geógrafo Elias Jabbour; o professor José Luiz Borges Horta; o socialista e ex-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) Jonas Donizette; e o mestre em cultura e sociedade Zulu Araújo.
Confira tudo o que rolou sobre a Revolução Brasileira.
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