O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), avalia que não há nada mais perigoso do que o uso do cargo público para juntar fortuna e comprar arsenais. Pois é muito mais difícil combater o crime misturado com a política do que isoladamente.
Molon participou da 16ª live da Revolução Brasileira no Século 21, que nesta quinta-feira (9) discutiu a contrarrevolução bolsonarista.
“Eu nunca imaginei ver um presidente organizar um locaute em seu próprio país. Estimular que pessoas fechassem estradas. Não são caminhoneiros, são algumas empresas que obrigaram seus funcionários a fazer isso – parar outros caminhoneiros – correndo o risco de paralisar o país no meio de uma pandemia.”
Alessandro Molon
O socialista se referia aos atos antidemocráticos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no 7 de setembro, que continuam a reverberar. Especialmente com a perda de controle por parte do chefe do Executivo dos bloqueios realizados pelos caminhoneiros e as ameaças antidemocráticas feitas por alguns sob a liderança do próprio mandatário.
Reivindicações golpistas, enfatiza Molon
Molon lembra que a pauta de reivindicações passava longe de demandas da categoria dos caminhoneiros.
“Era para causar o caos e declarar o estado de sítio”, resume.
Ele acredita, porém, que a tentativa de “impor o poder de Bolsonaro como absoluto fracassou”. Molon elogiou ainda a postura firme do Judiciário, com os fortes posicionamentos dos presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
Molon critica o retorno de Temer
O pedido de socorro ao ex-vice-presidente Michel Temer (MDB), que foi quem indicou o ministro Alexandre de Moraes para o STF, também foi criticado.
“Chamar Michel Temer de São Paulo para Brasília e pedir para escrever uma nota que ele assinou é o cúmulo da decadência”, enfatizou Molon.
Camilo Capiberibe diz que impeachment é a saída
O vice-líder da Minoria, deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP), afirma que Bolsonaro está perdido de sua missão institucional – que é resolver os problemas do Brasil real.
“A inflação galopante, os 15 milhões de desempregados, as 19 milhões de pessoas passando fome, como é você dá uma resposta para a retomada do desenvolvimento. E, ao mesmo tempo, um presidente acuado politicamente atirando em inimigos imaginários, como o sistema eleitoral e a própria democracia. Tudo isso é uma maneira de distrair a população dos problemas reais que o país precisa enfrentar.”
Camilo Capiberibe
Camilo cobra ainda uma posição firme da Câmara dos Deputados reforçada pelo discurso suave do presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL) após os atos golpistas desta semana.
“O presidente da Câmara tem responsabilidade. Não há outro caminho que não seja o impeachment”, conclui.
O perigo da militância fascista
Para Domingos Leonelli, membro coordenador do site Socialismo Criativo, ex-deputado Constituinte e membro da Executiva Nacional do PSB, o país vive um momento insólito.
“O que é inédito no país é um governo absolutamente incompetente em todas as áreas e que, no entanto, mantem uma base popular, embora reduzida, muito significativa de mais de 20%. E, desses 20%, alguns milhões de brasileiros mobilizáveis. Uma militância fascista que mesmo o integralismo na década de 1930 e 1940 não chegou nem perto.”
Domingos Leonelli
Leonelli observa que Bolsonaro vai além de um golpista para favorecer economicamente determinadas classes.
“Ele representa uma subversão. Contrarrevolucionário nesse sentido: representa uma tentativa de, pela primeira vez com massa organizada, setores organizados poderosos – como milícias, parte das polícias militares, algumas igrejas evangélicas pentecostais. É um núcleo militante que precisamos ficar muito atentos, pois pode reagir ao próprio Bolsonaro, como já vem acontecendo”, afirma ao se referir à resistência dos caminhoneiros bolsonaristas em liberar as estradas pelo país.
Por outro lado, Juliene Silva, integrante da direção da Juventude Socialista Brasileira (JSB), observa que Bolsonaro está perdendo o apoio da juventude.
“A gente vem sentindo isso pela própria condução dele, o que acontece de uma forma muito mais intensa do que antes”, avalia.
Fora Bolsonaro e MBL
Apesar de todas as divergências políticas e ideológicas, Domingos Leonelli defende a necessidade da união das forças comprometidas com o processo democrático para derrotar o bolsonarismo. Inclusive o MBL, que convocou os atos contra Bolsonaro para o próximo domingo (12).
“Não compartilharei nunca com um plano político do MBL”, enfatizou Leonelli.
Porém, o socialista defende a importância da união de forças com o objetivo comum de defender a democracia.
“O ato não foi convocado corretamente [pelo MBL], mas sob uma bandeira eleitoral. Inicialmente, para defender uma terceira via [nas eleições de 2022] e agora está sendo transformado num ato fora Bolsonaro”, detalha.
Leonelli reforça que os socialistas sugerem que o campo democrático se organize em atos no dia 19 de setembro, domingo, em uma Primavera Democrática, Ditadura Nunca.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, declarou nesta quinta-feira (9), com exclusividade para o Socialismo Criativo, que o partido deverá participar de todas as manifestações pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Para Juliene Silva, é preciso o compromisso da esquerda para mobilizar suas bases.
“Todos os partidos de esquerda precisam se comprometer com mobilização. Chegou o momento em que a gente precisa tomar para si a determinação de fazer o convencimento da importância de estar nas ruas, independente da data. Até agora essa construção não foi feita”, critica.
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Confira tudo o que rolou sobre a Revolução Brasileira.
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