Para a secretária nacional do PSB Inclusão, Luciana Trindade, a Revolução Criativa, defendida pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), deve ser baseada em três pilares: acesso, condições e, o mais importante, oportunidades.
Luciana Trindade foi a convidada da 22ª live da Revolução Brasileira no Século 21, que nesta quinta-feira (14) debateu os desafios para inclusão das pessoas com deficiência. Ela tem distrofia muscular congênita e atua como consultora de Diversidade e Inclusão. Militante da causa em defesa das pessoas com deficiência, tem se dedicado nos últimos anos intensamente a organizar o segmento das pessoas com deficiência no Partido Socialista Brasileiro.
“Para que a revolução criativa aconteça é necessário a transformação da sociedade no reconhecimento das diferenças e na compreensão da diversidade como característica de uma sociedade plural. São muitas as barreiras que a gente tem que derrubar para conseguir avançar com essa transformação”
Luciana Trindade
Também participaram do debate o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o coordenador do site Socialismo Criativo e membro do Diretório Nacional do PSB, Domingos Leonelli; e a integrante da Direção da Juventude Socialista Brasileira (JSB), Juliene Silva. A mediação foi feita por James Lewis.
A live começou com autodescrição dos participantes e contou com tradução em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).
Confira tudo o que rolou sobre a Revolução Brasileira
A Revolução Brasileira por Caio Prado Junior
“A gente sempre insiste em resgatar duas lições fundamentais de Caio Prado Junior: o processo da revolução brasileira, que é longo e complexo e não se resume na tomada de poder. Um processo amplamente democrático. A segunda lição é que todo país tem que ter um processo revolucionário de acordo com sua formação econômica e cultural. Portanto, o Brasil terá que encontrar o caminho para a revolução. Naquele momento, quando o livro foi escrito [em 1966], as questões identitárias não ocupavam o lugar que hoje ocupam”
James Lewis
Acessibilidade é cidadania
Luciana Trindade afirma que para a revolução criativa acontecer é preciso ampliar o conceito de acessibilidade, que se traduz como cidadania.
“Aceitar as diferenças e defender o direito das pessoas com deficiência é ser revolucionário e criativo”, destaca Trindade.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, destacou que o socialismo defendido pelo PSB tem como foco as pessoas.
“O socialismo que falamos se dirige às pessoas. Desejamos criar um país prospero, com desenvolvimento, que desenvolva as nossas potencialidades e, também, a nossa humanidade. Essa politica tem que ser transversal. Não é isolar o segmento. Todos os segmentos devem ser transversais. Devem estar na compreensão geral de toda a sociedade”
Carlos Siqueira
Comunicação acessível
Luciana Trindade também explicou a importância da acessibilidade comunicacional, que vai muito além da comunicação oral e que é trabalhado pelo PSB Inclusão.
Além da comunicação libras para os surdos, por exemplo, é preciso pensar em quem tem outras deficiências. Trindade exemplifica com o método Tadoma, em que surdos cegos colocam as mãos no pescoço do interlocutor para, a partir das vibrações das cordas vocais, compreenderem o que é dito.
Mas a comunicação inclusiva é apenas o primeiro passo. Trindade ressalta que as pautas das pessoas com deficiência são amplas e passam por diversas questões como trabalho, moradia e educação.
Falta compreensão dos gestores
Para ela, a legislação garante o acesso das pessoas com deficiência, porém, falta compreensão de prefeitos, governadores e parlamentares para colocá-las em prática.
“A pessoa com deficiência, quando a gente olha o macro, ela abaixo de todas as questões sociais. Há um abismo muito grande. Falta acesso, oportunidade. Falta respeito”, afirma.
Ela citou ainda as incursões do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que quer segregar os estudantes com deficiência dos demais alunos. O que foi questionado pelo PSB no Supremo Tribunal Federal (STF).
Sem contar as declarações absurdas do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que afirmou que crianças com deficiência atrapalham os demais estudantes.
“O futuro que a gente deseja tem que ser plural, com todos tendo acesso à educação de maneira igual”
Luciana Trindade
Juliene Silva, que nos últimos três anos atuou como mediadora educacional em uma escola pública no Rio de Janeiro, auxiliando as crianças com deficiência, observa que o que de fato atrapalha é um sistema que não inclua todas as pessoas.
“As crianças trazem um ambiente de diversidade que já deveria existir nas escolas. O que atrapalha não são as crianças com deficiência, mas o sistema público que não dá às crianças a oportunidade de aprender”
Juliene Silva
Inclusão na Autorreforma
O PSB Inclusão tem atuado no desenvolvimento da Autorreforma em curso no PSB. Para isso, abriu mão de um capítulo específico que trate sobre a inclusão das pessoas com deficiência para que o tema seja abordado em todo o documento. O objetivo é que seja visto e tratado de maneira transversal.
Domingos Leonelli destaca a consciência que o PSB Inclusão trouxe às discussões do partido.
“Não é possível uma democracia, muito menos um socialismo democrático e uma revolução brasileira sem incorporar esse segmento tão importante, complexo e diverso”
Domingos Leonelli
Cidades inteligentes
Trindade defende a ideia do PSB de investir em cidades inteligentes e exemplos de como o conceito pode usar a tecnologia para incluir cada vez mais as pessoas com deficiência.
“A cidade inteligente me dá condições plenas para que eu me sinta cidadão. Posso pensar em aplicativos que eu consiga sair da minha casa em segurança com a certeza de conseguir chegar onde quero ir ou que vou a um restaurante com cardápio auditivo ou, ainda, que vou encontrar pontos de ônibus com sinais sonoros”, exemplifica.
Por fim, Luciana Trindade defende que não apenas o segmento das pessoas com deficiência, mas todas as políticas devam ser tratadas de maneira transversal a partir do PSB.
“Precisamos entre nós fazer essa discussão de maneira transversal porque pessoas com deficiência são também LGBTs, mulheres, negros”
Luciana Trindade
As pessoas com deficiência querem ter seus direitos respeitados e viver com dignidade.
“Somos 15 milhões de pessoas com deficiência [no Brasil]. Queremos trabalhar, estudar, ter acesso. Ser um corpo político dentro da sociedade buscando a transformação é fundamental para que a gente construa uma sociedade mais diversa e plural”, finaliza.
Confira a live na íntegra.
O post Pessoas com deficiência: a revolução deve garantir acesso, condições e oportunidades, diz Luciana Trindade apareceu primeiro em Socialismo Criativo.