Participante do 8º Debate da Autorreforma do PSB, realizado na noite desta segunda-feira (26), o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, criticou a visão liberal vigente no Brasil que reduz o papel do Estado na participação de políticas públicas culturais por “acreditar que o mercado pode resolver tudo”.
“Vários temas já foram debatidos na proposta do novo programa e manifesto do PSB, mas a cultura é um tema muito apreciado pois é impossível pensar cultura sem pensar em diversidade, uma das riquezas do Brasil”, iniciou Siqueira.
Para debater o tema “Cultura e Diversidade” com Siqueira, o partido convidou o pesquisador, produtor cultural, diretor teatral, regisseur, editor e professor, Gehad Hajar, que definiu a cultura como “biocêntrica”, ao afirmar que não é possível imaginar uma política cultural sem a participação do ser humano. “Aí está a importância da Autorreforma, a cada dia que passa suplementamos as manifestações culturais. Nossas produções lá fora valem mais do que aqui dentro por não termos uma política que proteja os produtores”, disse.
O encontro abordou pontos como a diferença entre cultura popular e erudita, mecanismos de fomento ao setor, turismo nacional, crescimento e uso da gamificação e aplicação da Lei Aldir Blanc.
Assim como Siqueira, Hajar acredita que o Brasil precisa trabalhar seus potenciais, já que em sua visão “o Brasil sem regionalismo seria incompreensível”. “O primeiro passo é assumirmos que somos um Estado pluricultural, somos muitos, somos vários, temos que assumir que nossa diversidade é nossa maior fonte de riqueza”.
O professor também defendeu cotas para os mecanismos de fomento e acesso a todas as oportunidades que já são disponibilizadas atualmente. “Não é possível acharmos que todos os empreendedores culturais estão no mesmo patamar, é necessário garantir através dos editais que todos tenham acesso garantido a eles, se não continuaremos apoiando apenas os grandes empresários com acesso. Se eu sou um pequeno produtor de audiovisual, qual a minha chance de disputar com a Globo Filmes?”, questionou.
A necessidade de integrar a cultura com outras áreas também foi um tema abordado. “O estado tem que ter um plano diretor para a cultura, é necessário integrá-la com a educação, com o turismo, com a tecnologia. Até hoje não conseguimos fechar um plano de gamificação, por exemplo, já presente em todo o mundo. Enxergamos a cultura como produto e não sua dimensão cultural propriamente dita”, explicou o professor, que lembrou que o Brasil segue o mesmo formato de fomento ao setor cultural, desde o fim da ditadura militar.
Ao finalizar o encontro, Siqueira reforçou que quando o Estado renuncia ao seu papel na formulação das políticas públicas necessárias, a concentração de renda se torna inevitável. Para o presidente, assim como o setor da ciência e tecnologia, o setor cultural sofre com o destino incorreto de verbas. “Precisamos de uma visão de desenvolvimento estratégico moderno e criativo, como o que estamos propondo com a Autorreforma”, finalizou.
Autorreforma
Após dois anos de um debate democrático, construído de forma totalmente colaborativa e aperfeiçoado a cada etapa, as 577 teses do Caderno 4 da Autorreforma estarão sintetizadas na proposta de novo programa e manifesto do PSB que será submetida ao Congresso Nacional do partido, previsto para os dias 26, 27 e 28 de novembro de 2021.
Entre abril e julho deste ano, a cada quinze dias, acadêmicos, especialistas e representantes de partidos políticos discutirão em encontros virtuais as teses da Autorreforma. As discussões são abertas à participação de qualquer interessado, em cumprimento à proposta do PSB de discutir a reformulação do partido com a sociedade.
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